sábado, 6 de abril de 2019

Igreja acolhedora ou desigrejados

Por: Augustus Nicodemus Lopes IGREJA ACOLHEDORA OU DESIGREJADOS REFORMADOS Tive o privilégio nesses muitos anos de pastorado de servir em igrejas de grande porte e com número crescente de novos membros. Existem muitas vantagens e oportunidades em igrejas numericamente fortes. Por outro lado, há também algumas áreas que representam um desafio. Um deles é o de ser uma igreja acolhedora e que promova a integração dos novos membros. Temos de agradecer a Deus pelo crescimento do número de pessoas em todo Brasil interessadas em conhecer mais a Palavra de Deus e se relacionar de maneira significativa com ele. Muitas dessas pessoas procuram igrejas históricas e tradicionais que são conhecidas pela firmeza doutrinária e pela solidez de seu ensino. Contudo, não poucas dessas pessoas frequentam apenas por um breve tempo essas igrejas e saem delas, por não se sentirem acolhidas e nem por conseguirem fazer parte da comunidade. O que ocorre é que em muitas dessas igrejas históricas os membros mais antigos se conhecem, se casam entre si, são parentes e amigos, cresceram juntos e formam uma espécie de núcleo original e fundacional da igreja que é fechado e de difícil acesso para outros. Por um lado, esse fato inegável traz solidez, continuidade, identidade e segurança à igreja como instituição. Por outro, se não houver a graça necessária, esse fato se torna um empecilho para a chegada de novos membros, da formação de uma nova liderança e do acolhimento da próxima geração que não será necessariamente formada pelos filhos e netos do núcleo central. Penso que os seguintes pontos devem ser levados em consideração por todos os membros de igrejas históricas numerosas e crescentes. Primeiro, Deus está agindo no mundo e chamando seus eleitos, a verdadeira igreja de Cristo. Para nós é um grande privilégio receber essas pessoas e acolhê-las junto conosco, pois somos parte do mesmo corpo. Segundo, essas pessoas virão de tradições diferentes, de igrejas diferentes, de costumes e práticas diferentes. Muitas serão tatuadas, outras pintarão o cabelo de verde, outras vão estranhar o nosso “culto frio”, outras não estão acostumadas com a estrutura de uma igreja presbiteriana e suas sociedades internas. Mas estão vindo porque querem ouvir a Palavra de Deus. Terceiro, a igreja não nos pertence, mas ao Senhor. Ela não existe como um local confortável e seguro onde nos abrigamos aos domingos, mas como um local de desafio ao nosso conforto e nossa segurança. Quatro, devemos estar sempre abertos para mudar e adaptar em nossa estrutura e em nosso culto aquilo que não é requerido pela Palavra de Deus e nossos símbolos de fé, com o fim de atendermos e acolhermos melhor a nova geração que chega. Esse processo é dirigido pelo Espírito de Deus através dos pastores e presbíteros que foram eleitos como líderes espirituais da comunidade, mas sem a participação e o engajamento de cada membro, essas igrejas irão experimentar um fenômeno já conhecido: verão a chegada da primeira onda dos interessados na fé reformada e os verão em seguida se retirando para se tornarem desigrejados ou crentes de internet. Fale com os visitantes. Receba-os com um abraço. Converse com eles. Convide-os para participar das reuniões, grupos e eventos da igreja. Se interesse pela vida deles. Marque uma visita. Faça-os se sentirem que a igreja oferece, além de boa doutrina, aquela fraternidade recomendada pelo Senhor.